Dificilmente encontramos um filme premiado em Cannes, queridinho da mídia e até mesmo um dos favoritos ao Oscar, que seja tão engraçado e divertido quanto Anora consegue ser.
Dirigido por Sean Baker, um dos principais nomes do cinema independente atual, Anora traz toda a essência do diretor, que costuma abordar algumas das feridas mais profundas da sociedade norte-americana, como a marginalização social, o fracasso do sonho americano e até mesmo a vida de profissionais do sexo, como já vimos em seu filme anterior, Red Rocket, e agora em Anora.
O filme se divide em duas partes. A primeira explora Anora, uma jovem do Brooklyn que tem a chance de viver a história de Cinderela ao conhecer e se casar com o filho de um oligarca. Assim que a notícia chega à Rússia, seu conto de fadas é ameaçado quando os pais dele partem para Nova York com o objetivo de anular o casamento.
É aqui que começa a segunda parte, cheia de caos intenso, intrigas, fofocas e atuações naturais e cômicas, que nunca perdem o fôlego.
A atuação de Miley Madison (Anora) é avassaladora; Mark Eydelashteyn (Vanya) e Yuri Borisov (Igor) são duas gratas surpresas, enquanto Karren Karangulian (Toros) e Vache Tovmasyan (Garnick) entregam a parte cômica de forma primorosa, natural e com um timing preciso!
Com um ritmo estressante, o humor acaba equilibrando muito bem o estilo de direção de Sean Baker.
Anora apresenta um roteiro acima da média, atuações extremamente naturais, trilha sonora impecável e uma direção delicada e agridoce, que consegue incomodar ao mesmo tempo em que nos abraça. Como é bom ver Sean Baker finalmente recebendo o reconhecimento que merece.